Coletivo

Área de Atuação

Cultura Popular

Funções

Descrição curta

O Coletivo Princesinha de Favela vem atuando com a produção de artistas negras e periféricas desde 2018. Produções de beleza, cineclubes, rodas de conversa e oficinas voltadas para diversas áreas são as principais atividades do coletivo. Nos articulamos com as periferias de Fortaleza através das associações de moradores, coletivos e redes sociais.

À convite da Associação de Moradores da comunidade Poço da Draga, em 2018 realizamos uma de nossas maiores produções. As ações tiveram duração de três dias: o primeiro foi voltado para um cine-clube, onde foram exibidos filmes gravados na própria comunidade, seguido de roda de conversa. No segundo dia houve uma sessão de beleza e autocuidado voltado para mulheres negras de todas as idades e sessão de fotos e o terceiro dia culminou em um evento com exposição de fotos, onde contamos a história de vida das moradoras mais velhas e uma parceria foi feita com o coletivo Radiola Sound System para um baile de reggae. O evento mobilizou cerca de cinquenta mulheres e cerca de 15 pessoas na produção.

Já no cenário da copa do mundo de 2018, cinco jovens negras do bairro Barroso nos contataram por meio das redes sociais e dessa forma, oferecemos um dia de produção de beleza e autocuidado, com roda de conversa na pracinha da comunidade, ensaio fotográfico repleto de resistência, com ocupações das ruas que vivenciavam um contexto de medo.

No bairro São Cristóvão, ainda em 2018, fomos contempladas com o 7° edital Ação Jovem da Rede CUCA, usamos o recurso para realização de cinco dias de oficinas de maquiagem, trancismo, danças, cineclube, rodas de conversas, ensaios fotográficos, e baile com exposição de fotos, o evento alcançou cerca de duzentas mulheres, em sua maioria negras, todas de periferia.

Em outubro do mesmo ano realizamos uma ação voltada para o dia das crianças. Para isso, foi feita uma campanha online para arrecadação de brinquedos e roupas, as roupas foram vendidas em bazar por uma semana no bairro Aeroporto e a verba arrecadada custeou a festa das crianças da comunidade do Fim da Linha, na qual as famílias estavam desabrigadas e em processo de ocupação do campo da Serrinha em busca de moradia. A festa durou um dia inteiro, com brincadeiras para as crianças e cuidados em estéticas para as mães.

No início de 2019, com a chegada do carnaval, fizemos a primeira produção de beleza com o tema ''Carnaval é Cuidado Mútuo''. A ação foi inspirada pelas festas das calçadas, rodas de samba dos quintais, crianças brincando com goma e correndo pelas ruas. A produção contou com a presença de 12 mulheres negras do bairro, beneficiadas pela ação, incluindo mães e crianças.

Em Agosto de 2019, o coletivo alargou suas fronteiras e passou a ter um núcleo exclusivo voltado pra área da dança, foram abertas inscrições para duas turmas de aula de dança no CUCA Jangurussu, contemplando mais de vinte crianças e jovens da região por dia. Passamos a produzir grupos de dança de rua, dentre eles o grupo "Swing Loko" do bairro Conjunto Palmeiras.

No final de 2019, O Centro Cultural Bom Jardim, nos convidou para uma roda de conversa, com sessão de fotos e bazar solidário, estivemos com mais de 30 jovens do bairro, conversando sobre autoestima, beleza e empreendedorismo. No começo de 2020 estivemos nos bairros Maria Tomásia e Dias Macedo, com produção fotográfica nas ruas e roda de conversa. Com a chegada do Covid-19 tivemos que suspender nossas atividades nas ruas e passamos a produzir conteúdos para rede sociais.

Durante o ano de 2020, estivemos até agora realizando atividades de forma virtual e respeitando as normas de segurança de isolamento social estabelecidas pela OMS, foram produzidos até agora vídeos de conscientização, com medidas de proteção, voltados para o público periférico. Pequenas produções de tutoriais voltados para beleza, autocuidado e fotografia. Rodas de conversa online sobre o projeto. Para os próximos meses do ano e 2021 realizaremos uma série de oficinas de estética, autocuidado, dança, fotografia e audiovisual.

E-mail: coletivoprincesinhadefavela@outlook.com

Telefone Público: (85) 98677-2720

Descrição

O Coletivo Princesinha de Favela se inspira nas histórias das rainhas guerreiras afro-brasileiras. Nos inspiramos nos brilhos dos anéis de cobre dourados que a Rainha Tereza de Cabinda trazia em seu corpo. Sua altivez encontrou a crueldade dos barões de engenho de Pernambuco, em 1816. O destemor de Aqualtune, rainha guerreira do Congo, que liderou uma revolução em seu país e no Brasil, protagonizou revoltas. Desse ventre, veio a geração de Zumbi e o início da história de Palmares: o ecossistema da nossa resistência. A perspicácia de Zacimba Gaba, princesa da nação africana de Cabinda, em Angola. Portava-se com valentia, sabedoria e muita resiliência.

Coexistem em nosso tempo, as rainhas do asfalto, do morro, do terreiro. O público do coletivo são nossas vizinhas, mães, tias, avós, amigas. Diversos lares brasileiros são sustentados por essas mulheres. São elas as provedoras da economia e do afeto dessas famílias monoparentais, as que seguram no lombo o alimento dos filhos, a renda familiar e as dores do mundo. Buscamos, por meio de ações aliadas a promoção da estética da negritude e periférica, causar impacto emocional e simbólico, ao mesmo tempo em que esperamos assegurar e enaltecer esse reconhecimento negado historicamente. Somos conduzidas pelo desejo em propiciar uma estética política e afirmativa que conjuga beleza e negritude dessas mulheres e que, por meio desse engajamento, contesta a ordem vigente e celebra um estilo que discorre sobre poder, estigma e identidade.

O bairro Jangurussu, zona de origem e atuação do Coletivo, entre os bairros de Fortaleza se destaca no processo desse ranking de fragilidades. Os 60 mil habitantes desta comunidade sofrem com as precariedades de serviços básicos. Nessa extensão urbana, o bairro ocupa a posição de 111º no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) . Se destaca em números absolutos de homicídios entre a população e em déficit de infraestrutura domiciliar. Não surpreende que o impacto da pandemia da Covid-19 cause efeito doloroso nos bairros com mais desvantagem socioeconômica. Em Fortaleza, os casos de Covid-19 se concentraram nas SER II e VI, sendo que é na última que estão as maiores ocorrências de fatalidade da doença. As razões dessas taxas, tais como as vulnerabilidades já citadas, estão relacionadas a uma crítica estrutura hidrossanitária e a condição socioeconômica, o que, mais uma vez, atesta o abismo social inerente a cidade. È nesse contexto que nasce a ideia de pensar um projeto de mulheres periféricas que estão inseridas neste espaço e, consequentemente, sentindo os desdobramentos da ausência de política pública que oferte serviços básicos.

Nos últimos anos, o conceito de gênero e hiperviolência ganhou um destaque maior. Em Fortaleza, houve um aumento de quase 90% das mulheres na relação de homicídios. Em 2020, a morte de meninas “decretadas” pelo crime saltou de 2% para 14%. O Ceará assume mais uma vez uma evidência infeliz. Se destaca como estado mais inseguro para ser uma mulher de periferia. O coletivo tem suas ações direcionadas a essas mulheres que estão no pódio da violência doméstica e que o risco de ser vítima de uma agressão chega a ser quatro vezes maior do que uma mulher branca de classe social superior. No âmbito privado, as mulheres são reféns de uma série de circunstâncias estruturais e educacionais. No que diz respeito a intervenção do Estado, ascende, cada vez mais, uma necropolítica que indica os corpos das mulheres que têm valor à vida e à morte.



Tendo a comunhão e parceria entre as favelas como princípio do Coletivo Princesinha de Favela, entendendo que no Estado do Ceará vivenciamos um contexto atual de guerras de facções, em que corpos pretos e periféricos são marcados para a morte por simples gestos corporais, como fazer símbolos com as mãos, que são identificados pelo Estado e pelas facções como criminosos. Essa dinâmica faz com que moradores de uma determinada comunidade não possam se movimentar entre outras comunicades de forma natural. Manter esses bairros interligados através de coletivos e organizações que impulsionem arte, cultura, conhecimento e lazer, mostra como precisamos viver em comunidade. Estar junto e trocar conhecimento de vida é essencial e natural de quem se criou entre ruas estreitas e casas que compartilham os mesmos quintais. Nos articulamos nos bairros, cidades e Estados do Brasil fazendo parcerias com organizações que discutem questões essenciais para nossa existência, como a criação de meios que ofereçam oportunidades de bem viver para o povo negro e periférico que assim como nós.

Galeria

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Publicado por

Flávia Almeida

Artista visual periférica, do Grande Bom Jardim, umbandista. Tenho formação em Ciências Sociais (UECE), Fotografia & Audiovisual (CCBJ/UFC) e Produção Cultural (ECULT). Trabalho com produção cultural, fotografia e audiovisual desde 2014, realizando trabalhos institucionais e majoritariamente culturais.

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